sexta-feira, 10 de junho de 2011

Seis Meses



Seis Meses. Este é o tempo, de acordo com a lógica humana, que estou trabalhando a bordo de um navio de cruzeiros, ainda me restam mais dois. Sinto que tudo que poderia ter absorvido desta experiência já o foi, espero estar enganado. Verdade que as mãos que seguram o papel e a caneta já não são tão delicadas como antes, está mais calejada.  Tento ao máximo segurar os tantos “porquês” presos na boca e aceitar o “por enquanto” que me é dado de consolo.
Eu, que me achava tão companheiro de mim mesmo, senti falta do afeto indireto das pessoas queridas que ficaram longe, tornei-me um poço fundo cheio de saudades, hoje, neste sexto mês, sinto que a saudade ainda existe, porém transformou-se em um tipo estranhamente feliz.
Amizades realmente são somadas e muitas vezes multiplicadas, amores são sub-traídos e divididos.
A insegurança, o medo, a angustia e principalmente a carência afetiva fazem com que você troque tudo que tem por uma possibilidade de ter aquele algo desconhecido em um futuro próximo que nunca chega.
Não me achei em nenhum dos lugares que visitei, talvez não tenha realmente procurado com afinco, mas agora eu vivo em todos eles.
Me apaixonei perdidamente...mentira, só me apaixonei. É que eu tenho essa mania de querer dar uma maior ênfase aos fatos quando falo de amor. É a alma do poeta que se sobressai. Bem...poderia me extender bem mais neste ponto, mas Nietzsche me disse que “a exigência de querer ser amado é a maior das pretensões”(ponto final)
O que sinto agora é medo. Medo de olhar pra trás, de lançar os dados e voltar ao início do jogo, de pisar os pés em terra firme, pois eu sei que mesmo lá estando, jamais voltarei.