quarta-feira, 28 de abril de 2010

O menino e as catedrais

  

   Talvez um homem com ares de criança
   No mais não há o que se dizer
   E embora seu desejo seja precioso
   Ele é um pássaro com a necessidade de voar
   Um jornada árdua pela sua alma
   Muitas foram as noites que sangrou sozinho
   Os dias lentos maltrataram sua esperança
   Ele seguiu nessa variação de luz e escuridão
   Dentro de si construiu catedrais imensas
   Que por tantas vezes produziram um triste eco
   O eco de um pedido de socorro
   Elas ouviram o seu choro abafado
   Guardaram seus maiores tesouros e desgostos
   O menino que ali chorava,quebrou as imagens de seus ídolos
   Quebou também a imagem de um sonho
   Não que ele queira dizer adeus,é que às vezes tenta dizer que ama,que sente
   E isto não é suficiente.
   Apesar de tanto tempo uma espécie de fé ainda o faz chorar
   Eventualmente,ele terá de partir...

   "Mas criança, guarda ainda um sorriso
    Resista um pouco mais...Um coração ferido não será teu fim.
    O choro será levado na próxima chuva,ela lavará a tua alma.
    Proteja ainda um sentimento,seja forte e não temas esse mal que te assola.
    Perceba,que se não és um príncipe o suor te fará cavaleiro."

   Ele guardou sua espada e mostrou seu coração
   Nisso não há vergonha,apenas lirismo,o lirismo que o reconfortou.
 
   "Guarneça tuas catedrais,dentro de ti estarás seguro,Ninguém poderá roubar-te.
    Não importa se és príncipe,homem ou criança
    Pássaro,cavaleiro ou poeta...calado a sós comigo te chamaria de anjo formoso.
    Mas do amor não faça teu martírio
    Guarda estas palavras no vosso coração
    E apenas por hoje,não chores mais.

Dávillo Dônola

terça-feira, 27 de abril de 2010

Lamentação

"Meus olhos água
Meu peito mágoa
Minha boca vazia
Igual minhas mãos
Os meus ouvidos
Cheios de lamentação"

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Apocalipse


Tu só me provas
Que apenas profanasse
Fostes frio e calculista
Me tratasse como espírito agourento
Sem usar palavras
Para que eu não compreendesse
Se exorcisasse de mim


Lembro-me bem
Nos poucos momentos em que olhei em teus olhos
Não havia lágrimas
E não me diga que elas secaram depois de tanto sofrimento
Elas são o sinal da verdade nas palavras
E incontroláveis diante da dor


Eu aqui estou
Com meu corpo cansado e mal tratado
Com fome, sede e nú
E tu onde estas?
Fostes para longe
Para outra cidade
Sem deixar vestígios, nem prestígios

Deixasse apenas em mim
A certeza de que realmente sou humano
De carne, osso e espírito
Por que agora sei que sou capaz de AMAR

sábado, 24 de abril de 2010

Take Me


Algo invisível lhe estrangula
O impede de emitir qualquer som
Afônico, de olhos esbugalhados
Luta para que mais uma vez a visão não o engane

As pessoas começam a evaporar
Não há mais ninguem para ouvi-lo
Entra debaixo do chuveiro 
Por que disfarças tuas lágrimas se ninguem pode vê-lo criança?
Com a mão ainda trêmula 
Ele senta e se põe a escrever

terça-feira, 20 de abril de 2010

A

Dorme quase sempre em silêncio 
E em total escuridão
Assim mergulha logo em sonhos
E se priva de pensamentos
Que lhe tiram o sono durante todo o dia

"A vida é como um sonho; é o acordar que nos mata."

Não ingere nada pela manhã
Além de alguns comprimidos
Para mais uma de suas crises mensais de garganta

Começou a escrever a algum tempo
Na tentativa de preencher uma folha em branco
Porém piorou sua frustação
Pois nada havia para contar
Continuou a expurgar frases soltas
Pois tinha a certeza que seu inconciente
Trabalhava arduamente durante as madrugadas insones

Aguarda em silêncio
Um silêncio gritante em seus ouvidos
Crescente e ascendente vozes
Que conjugam sem cessar
Uma doce, avermelhada, vigorosa, consistente e saborosa melancolia

"Escrever é que é o verdadeiro prazer; ser lido é um prazer superficial."

Quando criança foi amputado de suas potencialidades
Mas elas ainda existem, sabe que existem em algum lugar
E toma o próximo foguete
Com destino a outro planeta
Pois o seu era pouco maior que uma casa
Não acha justo ter que abandonar tantas coisas pelo caminho
Então senta e chora, como um pequeno príncipe.

"As coisas se desprenderam de mim. Eu prolonguei certos desejos; eu perdi amigos, alguns para a morte... outros pela incapacidade de atravessar a rua."

De repente ele ama o cinema
Lê, estuda, e atua algumas vezes
Ele tem que amar alguma coisa
Mudou seu jeito de se vestir
Seu gosto pela música
Mudou seu nome algumas vezes
Muda sua personalidade todos os fins de semana
Mudou de casa, de amigos
Seu vocabulário
Agora fuma e bebe
Mas sabe que por mais que perdure essa síndrome de camaleão
Continua sendo inside o mesmo de sempre

"Um dos sinais de juventude passageira é o surgimento de um sentimento de camaradagem com outros seres humanos enquanto conquistamos nosso lugar entre eles." 

Tenta construir uma identidade
Não quer fazer igual a tantos outros
Que forjam um certo tipo de cultura
Tentando manipular a forma como são percebidos pelos demais
Ou quer? Será que todo mundo faz isso inconcientemente?

Nesse tempo corrido está a caminho da universidade
Agora já esta tão perto de acabar 
Não pode desistir
Não é desistir 
Ninguem entende que é justamente o contrário

Fecha seus olhos
E continua andando neste estreito corredor
Só não entende ainda porque somente ele anda em sentido oposto.

"A beleza do mundo, que é cedo demais para perecer, possui dois extremos, um da alegria, outro da angústia, rachando o coração."

segunda-feira, 12 de abril de 2010


Deveria eu me envorgonhar?
Ou entender que se trata apenas de um comportamento infantil e equivocado?
Quem sabe justificar reafirmando que faço propositalmente para enfatizar o quanto me atinge, e assim me sentir mais vivo, mesmo que seja na dor?
Será que essa gritante crise existencial me empulsiona à atitudes auto destruitivas?
E todo esse existencialismo, de querer vivenciar tudo intensamente, se prolonga até quando?
E por que tanta cobrança, se o eterno retorno existe?

sexta-feira, 9 de abril de 2010

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E diante do vazio existencial
Perco boas lembranças
Perco bens materiais e sentimentais
Perco alegrias e tristezas
Perco o futuro e a paz

Tudo se esvai
Como vento em céu aberto
Deixando o vazio
De uma saudade
Daquilo que nunca conheci