terça-feira, 30 de novembro de 2010

Melhor que isso impossível



De repente, é como se toda a manifestação humana se tornasse meramente ridícula, devido à previsibilidade de seus atos. Aliado a isso, carrego dentro de mim a certeza do autoconhecimento, suficiente para decretar que muitos ainda passarão pelo mesmo caminho que já passei, até chegarem a ter a mesma consciência sobre a vida, sobre as pessoas, sobre o amor, que hoje tenho. Imerso em sabedoria, numa vasta literatura que vai dos romances de Clarice Lispector até a filosofia de Nietzsche, aprendi a identificar algumas etapas da vida humana. Nem sempre isso é bom. As pessoas se tornaram totalmente previsíveis e perderam seu encanto. Tornei-me escritor e passei a relatar tudo que aprendi e é incrível como tenho pavor das pessoas que leem e se identificam com aquilo que escrevo. Por este motivo, acabei me distanciando de alguns antigos amigos, não me abro à novas amizades, e meus relacionamentos quase nunca duram tempo suficiente. Passei a ter menos paciência com as pessoas. Criei uma rotina diária ao ponto de adquirir uma doença chamada neurose compulsivo-obsessiva. Não recebo visitas em minha casa e odeio cozinhar, por isso sempre como fora. Sim, eu sou feliz. 



Escrito pelo meu eu irônico

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

I CORÍNTIOS 13:13

"Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, porém o maior destes é o amor."

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Obrigado

Àqueles que acessam meu blog, que me adicionam em orkut, msn, facebook e afins, pelo simples fato de identificar-se com minhas palavras e querer estabelecer essa aproximação, demonstrando carinho e admiração. Àqueles que pedem para postar meus textos e àqueles que não pedem e me surpreendo um pedaço de mim em outras páginas por aí, não fico chateado, pelo contrário.


A maior virtude do homem será um dia conseguir recuperar a sensibilidade infantil perdida com o passar dos anos.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O amor segundo B. Schianberg

 


Ficha técnica
Nome: O amor segundo B. Schianberg
Nome Original: O amor segundo B. Schianberg
Cor filmagem: Colorida
Origem: Brasil
Ano de produção: 2009
Gênero: Drama
Duração: 80 min
Classificação: 14 anos
Direção: Beto Brant
Elenco: Gustavo Machado, Marina Previato

Sinopse
Num apartamento no centro de São Paulo, uma artista plástica (Marina Previato) e um ator de teatro (Gustavo Machado) começam a conhecer-se e apaixonar-se. Paralelamente, ela constroi um trabalho de videoarte, com sua pequena câmera.

domingo, 17 de outubro de 2010

Só hoje...



Ainda não percebeu como algumas coisas em sua vida se tornam uma constante? Um ciclo que se repete a cada novo amor? E mesmos assim, um após o outro, a história se repetindo mais uma vez, você ainda não foi capaz de perceber qual é o mistério da chave para romper essa barreira circular e transformá-la em uma reta? 


Então perceba
Só hoje
Ao menos tente fazer diferente
E do que valeu esse tempo? 
Fico na dúvida como sempre.


Ah, e caso você consiga
Me avisa





segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Por Aqui Companheiro


Já faz algum tempo que não escrevo, e ainda não tenho tanta certeza do porque desse afastamento momentâneo. Acredito que estou gastando tempo demais sendo feliz, e as vezes, por algum momento me passa pela cabeça que felicidade demasiada aliena, mas eu quero ficar assim. Me preocupo, quando me vem a mente, em momentos tão cotidianos, como levantar do sofá para pegar um biscoito em algum intervalo da novela das sete, ir até o banheiro tomar banho e lembrar que esqueci de pegar a toalha, ou então cortar as unhas do pé assistindo um programa chato de domingo à tarde, são sempre nestes momentos inexpressivos que me ocorre que em alguns pedaços de vida, talvez todos nós levemos uma injeção de prazer desmedido para assim conseguir suportar, um pouco anestesiados, momentos de dor intensa. Em questão de segundos tento apagar isso da memória, como se pelo simples fato deste pensamento ter vindo a mente como um presságio, dou-lhe autonomia para que ele aconteça. Isso vem acontecendo com uma certa frequência, mas não tenho como provar se minha teoria é verdadeira, e nem quero. Soa tão ingênuo pensar assim, que prefiro acreditar em Paulo Coelho e entender que apenas estou atento aos sinais que o universo me manda, conspirando para que algo aconteça. E é alicerçado nele que me deixo ir ao encontro de mim mesmo. Levo comigo presentes da vida que a anos estão empacotados e agora eu quero abri-los. Preciso mesmo ir. Prometo voltar em breve. 

a todos àqueles que amo. 


Alain Leon Malzac Batista 

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

V. Woolf um presente
Presente em minha vida
Presente para minha vida
Pre sente que sou capaz, e diz
Pres"s" ente"r" sem medo
Clarisse também te entende
E assim o fiz

Minha Alma



O sol acabou de nascer. O frio da noite ainda está presente. Passei a noite acordado, pela simples falta de sono, nada me atormentava a ponto de causar insônia, muito pelo contrário. 
Perdi tanto tempo esperando que a correnteza trouxesse devolta à margem algo que foi perdido a tanto tempo atrás. Vivi a síndrome do Peter Pan e apesar dos anos se passarem eu continuei alí, esperando que alguém visse que eu continuava parado, que eu não queria continuar, que eu não ia conseguir continuar, não da forma que eles queriam que eu seguisse. Se alguém olhar para trás agora, vai ver que eu não saí do lugar. Minha alma ficou parada no tempo e deixei que meu corpo continuasse a viver, e um corpo sem alma se dedica a prazeres momentâneos, esse o verdadeiro pecado do ser humano. Temo que há espalhado pelo mundo muitos corpos distantes de sua alma, simplesmente sendo vencidos pelo tempo, esperando a morte cortar o fio que os liga a essência da sua vida que por algum motivo foi abandonada. Perder tempo é um pecado da alma, quando penso nos tantos livros que não li, nos tantos filmes que não assisti, todo amor que não dei, me sinto frustrado, pois acredito que não terei tempo suficiente para recuperá-los, não terei tempo para adquirir toda a sabedoria que minha alma precisa. Ah, seu eu soubesse que deveria alimentar minha alma também, que não bastava somente o corpo, teria pedido livros na infância, ao invés de brinquedos no Natal, nos meus aniversários teria pedido aos meus pais a verdade, mesmo aquelas mais dolorosas. Por pura ingenuidade, esperei que alguém, por pena, tivesse voltado até mim, pego minha mão e me mostrado que eu poderia seguir, escolher meus caminhos, que ninguém iria deixar de me amar por isso. Deixei que se encantassem com meu corpo, sabia que seria mais fácil amá-lo, minha alma era estranha demais para ser compreendida naquele momento e neste mundo. Eu não conseguiria viver sem ser amado, sem ser querido, sem ser desejado, não naquela idade, não naquele mundo. As madrugadas são tão silenciosas que mesmo depois de tanto tempo eu consegui ouvir o choro da minha alma, ela chorou dia após dia, desde que eu a deixei lá esquecida, abandonada, como fui idiota, hoje eu não a conheço direito. Meu corpo precisa dormir, mas minha alma não dorme nunca, quando fecho os olhos ela sai vagando por esse mundo afora, ávida por conhecimento, por auto-conhecimento. E agora quando estou acordado, dedico minha horas a agradar minha ainda ingênua e querida alma, lhe presenteio com sabedoria e a cada momento que passa me surpreendo com ela. Agora mesmo ela está aprendendo o que é amor de verdade e corro contra o tempo para que ela aprenda rápido tanta coisa que ainda lhe falta, mas este já é um bom começo. 

sábado, 21 de agosto de 2010

Nosso livro de cabeceira


Juntos descobrimos que o amor sincero exerce uma força maior do que todos os outros sentimentos e que o destino volta a unir o que por algum motivo acabou se afastando de onde não devia. Não quero te dar uma caneta para que escrevas o livro da minha vida, nem quero que me peças o mesmo, na verdade, o que quero é juntar nossas histórias e escrevermos uma só, dando luz a um único exemplar, só meu e teu e de mais ninguém.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010



Cold War


So you think that I'm alone
That being alone is the only way to be
When you step outside
You spin like fire for your sanity
This is a cold war
You better know what you're fighting for
This is a cold war
Do you know what you're fighting for
If you want to be free
Feel the ground is the only place to be
'Cause in this life
You spend time running from depravity
This is a cold war
Do you know what you're fighting for
This is a cold war
You better know what you're fighting for
This is a cold war
You better know what you're fighting for
This is a cold war
Do you know what you're fighting for
When wings to the weak
and bring grace to the strong
make our legal stumble as it applies in the world
All the tripes come and the mighty will crumble
we must brave this night
and have faith in the world
I'm trying to find my peace
I was made to believe there's something wrong with me
And it hurts my heart
Lord have mercy ain't it plain to see
That this is a cold war
Do you know what you're fighting for
This is a cold war
You better know what you're fighting for
This is a cold....
This is a cold war
You better know what you're fighting for
Do you know? Is a cold...
Do you?
Do you?
Is a cold ...
You better know what you're fighting for

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

"Que eu não veja obstáculos na união de corações sinceros...
O amor não se turva em águas turvas, 
nem se curva ante a chuva...
Não...
(silêncio)
É uma luz constante que a tempestade não altera...
É a estrela de toda nau errante... 
de brilho claro... 
embora sem matéria...
Não é joguete do tempo,
Embora a carne sofra o peso da sua foice...
Se isso for falso e provado também,
Eu não escrevi......
e nunca se amou ninguém."



ORIGINAL


"De almas sinceras a união sincera
Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,
Ou se vacila ao mínimo temor.
Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lá na altura.
Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.
Se isso é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou." 


William Shakespeare

sábado, 7 de agosto de 2010





"Volto quem sabe um dia
Porque os trilhos já tiraram do chão
Olho as tardes, vivo a vida
Nada é em vão"

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Psicologia da Criatividade



O pai da psicanálise afirma que o produto criativo surge das inquietações no interior de cada indivíduo. Arte é aquela que sai das entranhas, quando não se é mais possível tê-la só para si. Por isso na grande maioria das vezes, somente quando estamos tomados por situações extremas de dor ou alegria é que nos dedicamos a fazer arte, seja de forma escrita, seja na pintura, seja na música ou de qualquer outra forma de expressão, fazendo com que nos tornemos sujeito de nós mesmos. O importante é dar valor a "arte pura" e se ater a uma ou mais formas de expressão artística, estudá-la com prazer, para que um dia seja possível atingir um nível de obter a criatividade aplicada, ou seja, não mais ter que aguardar momentos de sensibilidade extrema para ser possível iniciar um processo criativo, é iniciá-lo a partir de um objetivo externo, porém com o mesmo prazer de antes.



domingo, 18 de julho de 2010

Aquele em mim



Acordei de sobre-salto, assustado, coração acelerado, inquieto, corri para me olhar no espelho e fiquei por vários minutos estático. Aquela pessoa que estava a minha frente não era a mesma que se deitou ontem para dormir. Eu havia mudado completamente, não falo simplesmente de mudança física, seria por demais sutil para tal alarde. E essa forma tão brusca de mudança me deixou com um certo medo, até que eu pudesse compreender o que realmente havia acontecido. Peguei álbuns e fotos antigas para me ver e cada vez que me olhava tinha a absoluta certeza de que não era eu, então as rasguei sem medo, com um sorriso no rosto, quase que eufórico, deletei minha imagem do passado. Ainda não posso lhes dizer em detalhes quem é este que agora faz parte de mim, mas hoje me delicio em descobri-lo, em entendê-lo. Confesso que as vezes sinto um certo pânico, afinal de contas, é uma necessidade quase que fisiológica saber quem somos. Foi preciso perder muita coisa nessa estradinha de barro de contra-mão, convicções, valores, crenças, julgamentos de valor, amores, bens materiais, noites de sono...foi preciso beirar a esquizofrenia e recomeçar a absorver tudo novo de novo, dando lugar a esse eu mais atualizado, esse eu mais sensível, esse eu livre, esse eu que respira amor e saí pelo mundo deixando suas mensagens de que nada mais quer da vida a não ser amar.



terça-feira, 13 de julho de 2010

O Medo da Liberdade




Tememos a liberdade. Tornar-se livre é um processo doloroso, pois vai de encontro a um aprendizado humano, que começa antes mesmo de virmos ao mundo: o de acorrentar-se a algo ou a alguém. Precisamos absorver de alguma forma aquilo que nos falta, e nem temos consciência de tal atitude, e muito menos do que realmente nos falta. Tornar-se livre requer sabedoria, auto-conhecimento, maturidade, saúde (em diversos aspectos) e outras qualidades que ainda estou descobrindo. Estamos rodeados de pessoas que se julgam, se auto-criticam e culpam a outros por sua vida não realizada, por terem sido enganadas, por terem sido iludidas, por terem sido prejudicadas e quando não encontram ninguém para culpar, nem mesmo a si, culpam a Deus. É o medo. O medo de admitir sua liberdade, de admitir serem livres, independente de responsabilidades, no final de tudo pouco importa, o sol nasce no outro dia queira você ou não. Respire o inverso, respire a liberdade de poder errar e recomeçar, respire a liberdade alheia de errar também, respire a sincronia das coisas boas, respire...apenas respire e enquanto puder respirar seja livre para aprender novos ofícios, para superar seu corpo, sua mente, para amar, ser amado, para ir e vir, para se permitir.   

Quando realmente compreendemos o real significado da liberdade em SER, é que somos capazes de viver, de se desprender das amarras e se jogar no mundo para viver em plenitude, sem culpa. É se permitir adquiri conhecimentos, conhecer o outro, a si, ao mundo, aos mínimos detalhes das pequenas coisas. Uma vida inteira jamais terá tempo suficiente para que possamos descobrir TUDO isso. 

Falta-me sabedoria para conseguir expressar em palavras o significado de algo tão complexo. Somente consigo compreender dentro de mim e sinto arrepios cada vez que esse pensamento se materializa em meu consciente. 






terça-feira, 6 de julho de 2010

"Olha lá, quem vem do lado oposto
Vem sem gosto de viver
Olha lá, que os bravos são
Escravos são os sábios de sofrer
Olha lá, quem acha que perder
É ser menor na vida
Olha lá, quem sempre quer vitória
E perde a glória de chorar
Eu que já não quero mais ser um vencedor
Levo a vida devagar pra não faltar amor...


...Eu que já não sou assim
Muito de ganhar
Junto às mãos ao meu redor
Faço o melhor que sou capaz
Só pra viver em paz"

terça-feira, 29 de junho de 2010

Exercitando o Altruísmo




Difícil tarefa
Abdicar do eu
Se doar ao tu


Aceitar o erro
E não perecer na culpa
Amadurecer no sofrimento desta
E se lançar ao mundo novamente


Domar a fera interior
Para não proferir dizeres amaldiçoados
Quando fala o coração
A verdade nos eleva ao céu


Espirito evoluido
Paz interior
Saber viver imerso no amor



Por que no final de tudo, fui capaz de te ouvir, de te acalmar, de te deitar e te fazer dormir em paz.
Então a alma explodiu em uma contida alegria.
Não sei se tu fosse capaz de perceber, mas eu fiquei ali velando teu sono e adormeci ao teu lado.

quarta-feira, 16 de junho de 2010


Essa crueldade sutil
Esse veneno invisível 
Contido em tuas palavras
Queimava dentro de mim


Ainda tive esperanças 
Que tu tivestes piedade
Mas me deste água suja
Para que eu lavasse minha alma

quinta-feira, 3 de junho de 2010

A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.

A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.

O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.
Vinícius de Moraes

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Era uma vez...



...um garoto que desde a infância quis saber o que era AMOR, ouvia falar sobre ele, nas músicas, nos filmes, na arte, na poesia, na literatura e achava lindo, queria um dia tê-lo consigo e guardá-lo bem escondido para que nunca ninguém o roubasse. Quando foi ficando mais velho e sentiu que tinha maturidade suficiente foi em busca do seu primeiro amor, encontrou-o sem muito esforço e foi um dos dias mais felizes de sua vida. Tratou logo de guardá-lo bem escondido para que ninguém o tirasse dele, se isso acontecesse ele provavelmente não iria suportar a dor da perda, afinal de contas, foram tantos anos de espera. Por algum tempo o garoto acreditou que não era mais necessário encontrar outro amor melhor que aquele que já tinha, sempre que abria a caixinha ele estava lá guardadinho, lindo, limpinho, como na primeira vez que o viu. Até que um dia por descuido deixou que o amor se sujasse, chorou como um bebê, tentou lavá-lo, mas não parecia mais o mesmo. Então o garoto foi procurar mais um, e queria que fosse mais bonito que o antigo, quando já estava sem esperanças de encontrar, eis que surge do nada um AMOR, bem maior que o antigo, e muito, mas muito mais lindo, mas vivo, mais brilhante. Verdade que alguns detalhes lhe faltavam em comparação ao velho, mas o garoto nem percebeu de tão feliz que estava. Logo, mais uma vez, tratou logo de colocá-lo na caixinha pra que não viesse a sujar e estragar como o antigo. O garoto não compreendia, mas em alguns momentos quando queria sentir o amor nas mãos, ele lhe escorria pelos dedos e caía, se sujava, isso tornou-se cada vez mais frequente, então passou a vida a procurar amores espalhados pelo mundo, como se disso dependesse sua vida. Os anos foram passando e foi ficando cada vez mais difícil achar um AMOR tão lindo, tão limpo, tão grande, tão cheio de vida e brilhante, que por muitas vezes desistiu de procurar, como quem desiste de viver. Sem saída, ele acabava enchendo sua caixinha de pequenos amores, feios, sujos, sem vida, sem brilho. Alguns anos se passaram e então num dia qualquer, quando ele nem estava mais a procura, quando realmente ele deixara de crer que ainda existia AMOR escondido em algum lugar do mundo, eis que bate em sua porta um novo. Ele entra em sua casa, em sua vida, sem pedir licença, e o garoto que já não era mais garoto, ficou anestesiado. Não sabia o que fazer, como agir para não perdê-lo, tinha certeza que não iria mais achar outro caso perdesse este, a caixinha já estava velha e acabada para prender esse amor tão grande. Foi quando teve a sua mais brilhante idéia, colocou no amor um argolinha dourada para identificá-lo e deu-lhe asas, decidiu deixá-lo livre, solto, voando, desta forma ele jamais cairia e se sujaria, onde quer que fosse. O garoto, que voltou a ser garoto novamente, acompanharia seu AMOR nos lugares mais altos, mais distantes, sem medo, sem se cansar. O mais engraçado é que depois de um tempo juntos, o AMOR não sentia mais tanta necessidade de ficar por aí voando longe do garoto, ele o alimentava diariamente, dava-lhe tudo o que precisava, as asas e a argolinha dourada viraram apenas símbolos de boas recordações de tudo que viveram juntos. E foram felizes para sempre...

PS.: Texto não auto-biográfico...

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Um cigarro

Eu não soprei você como fumaça
Que se misturou com as nuvens
E desapareceu
Não te joguei fora quando acabou

Te traguei
E mesmo que você não possa ver
Não perceba
Está impregnado dentro de mim
Me consumindo por dentro

12 de junho


Quando eu era criança o dia 12 de junho somente representava o meu aniversário, quanta expectativa havia para que esta data chegasse logo, mal entendia eu que também era o dia dos namorados, simplesmente, me alegrava ao imaginar que quando fosse "grande" iria namorar e ganhar dois presentes ao invés de um. Hoje, acho graça da minha inocência infantil e o dia que deveria ser de alegria se enche de tristeza e nostalgia, pois é impossível separá-lo dessa irônica armadilha do destino. No máximo o que eu posso fazer para contornar um pouco a situação, é organizar uma festa, reunir os amigos e encher a cara. Não ache que realmente estarei feliz, o único pensamento que está na minha cabeça e que vai me consumir durante todo o dia 12, é esperar uma ligação que provavelmente não virá. 
Quando se vive um relacionamento que dure um ano ou mais, é extremamente difícil não lembrar do outro pelo menos uma vez no mês, afinal de contas foram datas comemoradas juntos e simples dias que se tornaram marcados por algum motivo que jamais se apagarão, e o dia 12 é um deles para mim...
Destino cruel, já não bastam todos os outros dias do ano... 

domingo, 30 de maio de 2010

Essa quase morte


Uma onda gigante me encobriu
Me afogou, machucou
Por pouco não me apagou de vez

Não lembro quanto tempo exatamente
Fiquei ali dentro
Submerso nos rodopios de minha mente

Não havia luz
Não havia ar
Não havia ninguém que ali pudesse adentrar

Senti a quase morte
Fui envolvido pela paz
Diante do conformismo de que nada mais poderia ser feito

Como um feto 
Me recolhi 
Para uma longa gestação


Aguardo ainda ouvir a tua voz apaixonada novamente
Sentir o teu cheiro adocicado 
Estremecer ao teu mais simples toque 
E nascer denovo, por mais doloroso que seja 








terça-feira, 11 de maio de 2010

Uma cena


Era noite, chovia e eu agradeci a Deus pela chuva que se misturava à minhas lágrimas, disfarçando um pouco da minha ansiedade. Um pouco mais ao longe vi que você vinha caminhando, ainda não havia percebido a minha presença em frente a sua casa, achou que fosse uma pessoa qualquer se protegendo do dilúvio. No momento em que a distancia revelou minha face, na pouca luz que havia no local, você parou, ficou imóvel, olhando nos meus olhos e eu nos teus. Não falamos nada, porém muitas palavras foram ditas. Na minha cabeça eu podia ouvir Zizi Possi cantando em italiano e eternizando a tua imagem dentro da minha alma, como que impressa em meu avesso, pois assim que fechava os olhos eu te via, molhado, sério, transparente e ainda posso ouvir alto aquela música italiana que tocava. Mais uma vez eu respeitei teu momento, mesmo com teu rosto todo molhado eu pude perceber a primeira lágrima que caiu de teu olho direito, trazendo você de volta a uma realidade e eu respeitei, vi você caminhar arrastado até as escadas, subir, entrar em casa e não acender as luzes. Eu continuei ali, sabia que não voltarias, mas ainda não tinha certeza se era capaz de me mover, depois de horas as luzes da tua casa continuaram apagadas e eu fiquei imaginando se você já dormia, ou se estava em pé encostado atrás da porta. Então a chuva começou a parar e eu finalmente consegui me mover e erguer os olhos ao céu.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Inquietação

Você já se sentiu inquieto? Sim, inquieto, agoniado, uma sensação desconfortante por algo que você nem sabe realmente o que é, ou acha que sabe e sai fazendo loucuras achando que vai resolver alguma coisa e no final das contas não resolveu nada. Nos primeiros dias você corta o cabelo, se matricula numa aula de alguma coisa, tenta beber mais, fumar mais, tenta ficar louco mais rápido e nada, no final nada muda e conforme os dias vão passando a inquietação vai aumentado como uma bolha crescendo dentro de você, aliada com a falta de criatividade para tentar mais alguma coisa, e quem sabe assim sentir um alívio de alguns segundos. É nessa hora que você começa a pedir ajuda, nem sempre de uma forma direta, é bem mais fácil ser indireto, porque você precisa de pessoas com alto grau de sensibilidade. Como você pede ajuda? Da forma mais ridícula? Da forma mais destrutiva? Da forma mais subjetiva? Mais discreto? Um dia ela estoura...

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Thiago Pethit - Outra Canção Tristonha

07 outra canção tristonha.mp3

Dessa vez eu vou tentar sorrir
Nem que seja só pra constatar que eu não consegui
E mesmo assim você não estará pra ver
Eu tentar sorrir assim sem jeito em meio à multidão
Cada vez mais longe você vai ficar de saber
Se há motivos pra eu cantar
Ou só pra fazer
Outra canção tristonha, sentimental, sobre você
Se acaso um estranho vier perguntar
Eu finjo que engasguei que engoli o ar
Tiro o pensamento fora de órbita
Invento um circo ou outro lugar
Pois quando for a hora de eu me despedir
Quando o avião partir
Eu vou saber

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O menino e as catedrais

  

   Talvez um homem com ares de criança
   No mais não há o que se dizer
   E embora seu desejo seja precioso
   Ele é um pássaro com a necessidade de voar
   Um jornada árdua pela sua alma
   Muitas foram as noites que sangrou sozinho
   Os dias lentos maltrataram sua esperança
   Ele seguiu nessa variação de luz e escuridão
   Dentro de si construiu catedrais imensas
   Que por tantas vezes produziram um triste eco
   O eco de um pedido de socorro
   Elas ouviram o seu choro abafado
   Guardaram seus maiores tesouros e desgostos
   O menino que ali chorava,quebrou as imagens de seus ídolos
   Quebou também a imagem de um sonho
   Não que ele queira dizer adeus,é que às vezes tenta dizer que ama,que sente
   E isto não é suficiente.
   Apesar de tanto tempo uma espécie de fé ainda o faz chorar
   Eventualmente,ele terá de partir...

   "Mas criança, guarda ainda um sorriso
    Resista um pouco mais...Um coração ferido não será teu fim.
    O choro será levado na próxima chuva,ela lavará a tua alma.
    Proteja ainda um sentimento,seja forte e não temas esse mal que te assola.
    Perceba,que se não és um príncipe o suor te fará cavaleiro."

   Ele guardou sua espada e mostrou seu coração
   Nisso não há vergonha,apenas lirismo,o lirismo que o reconfortou.
 
   "Guarneça tuas catedrais,dentro de ti estarás seguro,Ninguém poderá roubar-te.
    Não importa se és príncipe,homem ou criança
    Pássaro,cavaleiro ou poeta...calado a sós comigo te chamaria de anjo formoso.
    Mas do amor não faça teu martírio
    Guarda estas palavras no vosso coração
    E apenas por hoje,não chores mais.

Dávillo Dônola

terça-feira, 27 de abril de 2010

Lamentação

"Meus olhos água
Meu peito mágoa
Minha boca vazia
Igual minhas mãos
Os meus ouvidos
Cheios de lamentação"

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Apocalipse


Tu só me provas
Que apenas profanasse
Fostes frio e calculista
Me tratasse como espírito agourento
Sem usar palavras
Para que eu não compreendesse
Se exorcisasse de mim


Lembro-me bem
Nos poucos momentos em que olhei em teus olhos
Não havia lágrimas
E não me diga que elas secaram depois de tanto sofrimento
Elas são o sinal da verdade nas palavras
E incontroláveis diante da dor


Eu aqui estou
Com meu corpo cansado e mal tratado
Com fome, sede e nú
E tu onde estas?
Fostes para longe
Para outra cidade
Sem deixar vestígios, nem prestígios

Deixasse apenas em mim
A certeza de que realmente sou humano
De carne, osso e espírito
Por que agora sei que sou capaz de AMAR

sábado, 24 de abril de 2010

Take Me


Algo invisível lhe estrangula
O impede de emitir qualquer som
Afônico, de olhos esbugalhados
Luta para que mais uma vez a visão não o engane

As pessoas começam a evaporar
Não há mais ninguem para ouvi-lo
Entra debaixo do chuveiro 
Por que disfarças tuas lágrimas se ninguem pode vê-lo criança?
Com a mão ainda trêmula 
Ele senta e se põe a escrever

terça-feira, 20 de abril de 2010

A

Dorme quase sempre em silêncio 
E em total escuridão
Assim mergulha logo em sonhos
E se priva de pensamentos
Que lhe tiram o sono durante todo o dia

"A vida é como um sonho; é o acordar que nos mata."

Não ingere nada pela manhã
Além de alguns comprimidos
Para mais uma de suas crises mensais de garganta

Começou a escrever a algum tempo
Na tentativa de preencher uma folha em branco
Porém piorou sua frustação
Pois nada havia para contar
Continuou a expurgar frases soltas
Pois tinha a certeza que seu inconciente
Trabalhava arduamente durante as madrugadas insones

Aguarda em silêncio
Um silêncio gritante em seus ouvidos
Crescente e ascendente vozes
Que conjugam sem cessar
Uma doce, avermelhada, vigorosa, consistente e saborosa melancolia

"Escrever é que é o verdadeiro prazer; ser lido é um prazer superficial."

Quando criança foi amputado de suas potencialidades
Mas elas ainda existem, sabe que existem em algum lugar
E toma o próximo foguete
Com destino a outro planeta
Pois o seu era pouco maior que uma casa
Não acha justo ter que abandonar tantas coisas pelo caminho
Então senta e chora, como um pequeno príncipe.

"As coisas se desprenderam de mim. Eu prolonguei certos desejos; eu perdi amigos, alguns para a morte... outros pela incapacidade de atravessar a rua."

De repente ele ama o cinema
Lê, estuda, e atua algumas vezes
Ele tem que amar alguma coisa
Mudou seu jeito de se vestir
Seu gosto pela música
Mudou seu nome algumas vezes
Muda sua personalidade todos os fins de semana
Mudou de casa, de amigos
Seu vocabulário
Agora fuma e bebe
Mas sabe que por mais que perdure essa síndrome de camaleão
Continua sendo inside o mesmo de sempre

"Um dos sinais de juventude passageira é o surgimento de um sentimento de camaradagem com outros seres humanos enquanto conquistamos nosso lugar entre eles." 

Tenta construir uma identidade
Não quer fazer igual a tantos outros
Que forjam um certo tipo de cultura
Tentando manipular a forma como são percebidos pelos demais
Ou quer? Será que todo mundo faz isso inconcientemente?

Nesse tempo corrido está a caminho da universidade
Agora já esta tão perto de acabar 
Não pode desistir
Não é desistir 
Ninguem entende que é justamente o contrário

Fecha seus olhos
E continua andando neste estreito corredor
Só não entende ainda porque somente ele anda em sentido oposto.

"A beleza do mundo, que é cedo demais para perecer, possui dois extremos, um da alegria, outro da angústia, rachando o coração."

segunda-feira, 12 de abril de 2010


Deveria eu me envorgonhar?
Ou entender que se trata apenas de um comportamento infantil e equivocado?
Quem sabe justificar reafirmando que faço propositalmente para enfatizar o quanto me atinge, e assim me sentir mais vivo, mesmo que seja na dor?
Será que essa gritante crise existencial me empulsiona à atitudes auto destruitivas?
E todo esse existencialismo, de querer vivenciar tudo intensamente, se prolonga até quando?
E por que tanta cobrança, se o eterno retorno existe?

sexta-feira, 9 de abril de 2010

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E diante do vazio existencial
Perco boas lembranças
Perco bens materiais e sentimentais
Perco alegrias e tristezas
Perco o futuro e a paz

Tudo se esvai
Como vento em céu aberto
Deixando o vazio
De uma saudade
Daquilo que nunca conheci

segunda-feira, 22 de março de 2010

De tempos em tempos


Saudades
Deste espaço sem pretensões
Onde limpo minha chaminé
Da sensação low
E também
Da própria melancolia de apenas sentir
Do vazio das palavras gritadas ao mundo
Aprizionadas neste plasma retangular

Incomodado
Com as segundas-feiras
Por ter que começar algo novo
Acabar algo já iniciado

Medo 
Da rotina do dia-a-dia
Mais forte que a força da gravidade

Vontade
De me deparar com algo realmente novo
Anestesiante

Cheio
De não me surpreender com nada
E prever acontecimentos e atitudes
 

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Abraços Partidos - Los Abrazos Rotos (2009)

 

Abraços Partidos (2009) é o longa mais recente de Almodóvar, diretor este que dispensa apresentações.
 
O filme retrata uma teia de romances entre os personagens, todos têm alguma ligação, seja no presente ou no passado. O cineasta cego Mateo Blanco, com pseudônimo de Harry Caine (Lluis Homar), apaixona-se por sua protagonista, Lena (Penélope Cruz) e vivem um romance, até que um “trágico” acidente acontece.
É de ficar realmente extasiado, boquiaberto com a deliciosa “salada” de detalhes, de fatos e acontecimentos que envolvem a trama sem que ela vire um verdadeira “gororoba”. A metalinguagem já vem sendo utilizada por Almodóvar em alguns filmes e realmente dão um toque especial, por mais simples que pareça o roteiro. A influência dos movimentos Noir, do melodrama e até mesmo um toque hitchcokiano, também trazem parte do encanto do filme. E para finalizar temos a magnífica Penélope Cruz fazendo caras e bocas de Audrey Hepburn. É mais ou menos como uma salada de verduras e legumes, se você come tudo bem picadinho, misturado fica uma delícia. Talvez, a liberdade cinematográfica que o diretor sempre teve, aliada a experiência de anos na profissão tenham dotado Almodóvar de um olhar único, sem deixar de lado as referências autobiográficas que dão singularidade a obra. A hiper-realidade criada pelo diretor na diogese são tão fantasiosas, tão caóticas, que talvez por isso mesmo se assemelhem tanto com a realidade e se tornam críveis aos olhos do espectador, sem deixar qualquer lacuna para possíveis questionamentos.
 
Almóvar e sua obra são por demais existencialistas, e por isto complexas, esmiuçá-la seria um trabalho árduo para qualquer leigo como eu, por mais apaixonado que seja pela sétima arte,  então me calo...
 

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Teia de Traições


 
Não vim dar uma de puritano, nem me coroar com uma auréola. Porém meus leitores, vocês hão de concordar comigo, acompanhem o raciocínio. Quem já teve um relacionamento, seja durante o namoro, noivado ou casamento, já teve a experiência de trair ou ser traído. Se alguem aí levantou a mão querendo protestar, me perdoem estes, não quero ser descrente no amor entre as pessoas, nem tão pouco colocar uma pulga atrás da sua orelha, mas você provavelmente não escapará de virar estatística.

Todavia, quem é que não quer ser fiel. Por mais que cometa um deslize aqui e outro acolá, seres humanos se relacionam para se completar e buscar uma felicidade tão almejada e projetada no seu parceiro. Caso contrário, por que e para que estar ao lado de alguem? 

Fiquei simplesmete chocado assistindo a novela "Viver a Vida" da rede Globo, é uma teia de traições entre praticamente todos os personagens. Helena trai o marido com Bruno, Bruno pegou a própria irmã (Luciana), Marcos trai Helena com a Dora, Dora trai o Argentino, a prima de Dora quer pegar o Argentino, Gustavo trai Betina com a prima dela, a prima dela é noiva, Betina quer pegar o personal trainer, a filha de Betina levou chifre do namorado esses dias...Miguel quer pegar a namorada do irmão, Paixão que é melhor amiga de Luciana quer pegar o namorado dela, Renata, que é namorada de Miguel, está pegando o Rodrigo Hilbert...enfim, a trama virou um verdadeiro "cabaré" e resumiu-se a isso. Os personagens que não trairam ainda apoiam a traição de seus amigos e assim todos nós somos influenciados, todos os dias, a ver e aceitar subliminarmente esses valores que a novela transmite. Acredito eu que muitas crianças devem acompanhar a novela, já que são poucos os pais que se atentam para a faixa etária dos programas exibidos na televisão. Não é de hoje que temos conciência da influência da mídia e dos meios de comunicação de massa na sociedade. As pessoas copiam a moda, o estilo de se expressar, gírias, e por que não comportamentos e valores éticos? Podemos perceber que o autor perdeu a linha da trama, não consegue amarrar uma boa história entre os personagens e aumenta a cada dia a teia de traições entre eles.

Acredito também que a novela não deve deixar de ser assistida, pois nela estão atores maravilhosos que merecem prestígio da nossa parte. Só basta ter um pouco de senso crítico para não ser tão influenciado.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Metade



Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

Me sinto fraquejar ao tentar expor alguma coisa a mais sobre estes versos tão sábios. Não tenho palavras para somar à algo já completo em sua magnitude. Reconheço apenas minha pequenez, e faço minhas estas palavras por que jamais saberia dizer coisas tão lindas.

Mas tinha que respirar



É um grande equívoco do ser humano dar significado à arte, seja ela qual for. Querer impor um conceito é lhe tirar a beleza da auto descoberta, é lhe tirar a inocência infantil. Por estes e outros motivos, abdico de expor o por que de tudo. E, pelo menos,  por poucos minutos consigo me despir da vaidade e ter a sensibilidade para ver a beleza de uma grande artista dentro de sua arte. Não me apego a detalhes para trazer a emoção, mas sim, mergulho no conjunto audio-visual-sensitivo e meu coração dispara, só isso me basta.

Debaixo d'água tudo era mais bonito
Mais azul, mais colorido
Só faltava respirar
Mas tinha que respirar
Debaixo d'água se formando como um feto
Sereno, confortável, amado, completo
Sem chão, sem teto, sem contato com o ar
Mas tinha que respirar
Todo dia
Todo dia, todo dia
Todo dia
Todo dia, todo dia
Debaixo d'água por encanto sem sorriso e sem pranto
Sem lamento e sem saber o quanto
Esse momento poderia durar
Mas tinha que respirar
Debaixo d'água ficaria para sempre, ficaria contente
Longe de toda gente, para sempre no fundo do mar
Mas tinha que respirar
Todo dia
Todo dia, todo dia
todo dia
Todo dia, todo dia
Debaixo d'água, protegido, salvo, fora de perigo
Aliviado, sem perdão e sem pecado
Sem fome, sem frio, sem medo, sem vontade de voltar
Mas tinha que respirar
Debaixo d'água tudo era mais bonito
Mais azul, mais colorido
Só faltava respirar
Mas tinha que respirar
Todo dia

Agora que agora é nunca
Agora posso recuar
Agora sinto minha tumba
Agora o peito a retumbar
Agora a última resposta
Agora quartos de hospitais
Agora abrem uma porta
Agora não se chora mais
Agora a chuva evapora
Agora ainda não choveu
Agora tenho mais memória
Agora tenho o que foi meu
Agora passa a paisagem
Agora não me despedi
Agora compro uma passagem
Agora ainda estou aqui
Agora sinto muita sede
Agora já é madrugada
Agora diante da parede
Agora falta uma palavra
Agora o vento no cabelo
Agora toda minha roupa
Agora volta pro novelo
Agora a língua em minha boca
Agora meu avô já vive
Agora meu filho nasceu
Agora o filho que não tive
Agora a criança sou eu
Agora sinto um gosto doce
Agora vejo a cor azul
Agora a mão de quem me trouxe
Agora é só meu corpo nu
Agora eu nasço lá de fora
Agora minha mãe é o ar
Agora eu vivo na barriga
Agora eu brigo pra voltar
Agora

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Lágrimas



De meus olhos caem lágrimas
Acompanhadas de soluços
Incontroláveis

Derramam-se sobre mim
Penetram minha pele
Desatam nós que me sufocam

Dilaceram meus órgãos e sentidos
Saem por meus poros

Escorrem até meus pés
Plantados no chão
Agoam tristezas, rejeições e dores

Que a cada segundo crescem
Florescem
E ocupam todos os lugares
Conscientes, inconscientes e subconscientes