Não pense, apenas engula
Não sinta o gosto
Apenas o efeito que isso causa em você
Deixa que as coisas passem pela sua mente
Não foque exatamente nelas
Buscando algum entendimento
Você verá mais e melhor
Usando sua visão periférica
Não perca o controle
Que a falta de controle te dá
O mal não existe
A lógica do tempo que é malvada
O entendimento só chega na hora da morte
Perdoai
Saudações, meu caro!
ResponderExcluirMe despertou interesse o seu poema. Assim que li, o tema principal, à primeira vista, seria o consumo de algum tipo de alucinógeno. Destrinchando-o, buscando novos significados, me acometeu o que exponho a seguir:
“Não pense, apenas engula/ Não sinta o gosto” – Em nossa sociedade, como bem sabemos, há hierarquias. Com estas em mente, imaginemos um subordinado qualquer que está a receber ordens. O eu-lírico pede que tal subordinado não pense acerca das ordens, apenas as “aceite”. No entanto, o fato de aceitá-las (ai nos deparamos com o vulgo dizer “manda quem pode, obedece quem tem juízo) não implica dizer que corrobore com elas; se as aceita é porque tem ciência da sua posição de inferioridade.
“Apenas o efeito que isso causa em você” – Ao depararmo-nos com uma situação que nos é imposta mas que não nos agrada, somos tomados por um sentimento de ira.
“Deixe que as coisas passem pela sua mente/ Não foque exatamente nelas/ Buscando algum entendimento” – Você as cumpre, por ser inferior, mas não dá grande, ou algum, enfoque; nem tão pouco tenta entendê-las, visto já possuir as suas verdades.
“Você verá mais e melhor/ Usando sua visão periférica” – Se não dá importância, não desprende energia. As visualiza como uma pessoa qualquer; faz-se medíocre.
“Não perca o controle/ Que a falta de controle lhe dá” – Você está revoltado; não concorda com o que lhe é imposto; não há subterfúgios, de momento, para mudar a situação... Logo, você se faz de morto; finge-se de passivo; não tenta bancar o revolucionário, visto tal tomada de atitude só lhe prejudicar; segue em frente pensando maneiras eficazes de mudar a situação atual.
“O mal não existe” – O que é o mal? Quem é mal? Existem pessoas 100% más, ou o revés? Mal e Bem são relativos, e você tem que ter isso em mente.
“A lógica do tempo que é malvada” – As situações é que se põem assim. Você é fruto do meio e em contrapartida é produtor. É você quem tem a chave pra mudar a sua história.
“O entendimento só chega na hora da morte/ Perdoai” – Interpreto o “perdoai” como sendo: perdoai ao mundo, a Deus, ou a quem quer que seja...
A análise é breve. Apenas um esboço do que tal escrito (muito bom, por sinal) me passou. Uma outra possibilidade, na verdade, distanciada da primeira (alusão a um aluninógeno).
Humm, por que ele não tem um título? Seguindo a minha linha de raciocínio, soaria bom algo como, sei lá... “Sapos” (?) - No sentido de: engolir sapos. Acho que soa diferente e legal. Não sei bem. Rs.
Parabéns pelo blog! É um ótimo espaço, com ótimos escritos a se ler.