sábado, 16 de janeiro de 2010

Ponto Final - Match Point



Ponto Final – Match Point (2005) é um dos poucos filmes de Woody Allen rodados na Europa, mas precisamente em Londres, já que a maioria dos seus trabalhos cinematográficos foram produzidos em Nova Iorque. A escolha não poderia ter sido melhor, o ar de Londres, com todo o seu bucolismo arraigado na arquitetura, e na cultura local deu ao filme um toque especial em todos os sentidos, até mesmo na construção dos personagens.
Na tela o espectador acompanha a misteriosa história de Chris (Jonathan Rhys-Meyers), um professor de tênis que conhece uma jovem milionária chamada Chloe (Emily Mortiner), irmã de seu aluno Tom (Matthew Goode). Divido entre o deslumbre da repentina ascensão social e o desejo pela bela Nola (Scarlett Johansson), noiva de seu cunhado e aspirante a atriz, ele passa a viver atormentado pelas escolhas que deve tomar em sua vida. A grande sacada de Allen para este filme é a abordagem do elemento sorte na vida das pessoas, e de como nos incomoda saber que dependemos dela desde as nossas primeiras horas de vida. “Há momentos em que a bola bate no topo da rede e por um segundo ela pode ir para o outro lado ou voltar. Com sorte, ela cai do outro lado e você ganha. Ou talvez não caia e você perca.” Para qualquer outro diretor o simples fato de um jovem ter que escolher entre uma paixão e uma vida de luxo seria o bastante para um bom roteiro, porém Allen incorpora elementos ainda mais intrigantes. Na cena em que o personagem Chris lê o livro “Crime e Castigo” de Dostoievski, temos um flashfoward de que ele cometerá um assassinato, mostrando a tênue linha que separa a sanidade da loucura. O filme ainda agrega elementos filosóficos, dentro do próprio diálogo entre os personagens, como na cena em que Chris, perturbado pelo assassinato que cometeu, vê suas vítimas, Nola e a vizinha, e tenta justificar para si mesmo e para elas o porquê de ter cometido o crime. Não diria que a partir deste momento o espectador aceite os motivos de Chris, porém é perturbador saber que qualquer ser humano é capaz de cometer tal atitude, tudo depende um motivo maior, tudo depende de uma verdade criada dentro de cada um para justificar tais atitudes, mesmo que se arrependa logo em seguida. Há trilha sonora também é especial, são óperas consagradas que se adaptam a diogese e a proposta da produção. No quesito interpretação se destacam o casal, Jonathan Rhys-Meyers e Scarlett Johansson, o primeiro pela forma minimalista como conseguiu dar ao seu personagem um “quê” de mistério e de dúvida desde o inicio da trama, e a segunda pela beleza e sensualidade que emana de seus olhos sem esforço, dando ao casal uma ligação sexual extremamente agressiva somente pela troca de olhares. O final do filme é espetacular, o elemento sorte trouxe o diferencial para o filme de Allen, por isso o roteiro é tão maravilhoso, pois não segue o clichê de simplesmente copiar a história do livro e seguir uma tendência Hollywoodiana, mas sim de ser fiel a seu roteiro causando alegria naqueles que estudam a arte do cinema e frustração para outros.
É certo que o filme conseguiu agradar a crítica, pela originalidade e pela re-invenção do diretor, Ponto Final – Match Point é um dos melhores filmes do ano de 2005, sem sorte, mas com muito esforço, talento e inteligência Allen mostra àqueles que ainda não acreditam, ou não o entendem, que seu nome já esta na história.

Trailer do Filme



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